10 de dezembro de 2007

Try-out da Malásia

Bem vindos ao 64bpm, blog voltado aos enduristas brasileiros. Ele foi criado com o intuito de ser um espaço para troca de informação e opinião sobre nosso esporte, ajudando todos a evoluírem.
Pensando nessa evolução - de cada cavaleiro (inclusive minha) e do Brasil como força competitiva - coloco neste primeiro post aquilo que ví no try-out da Malásia, que confirmou o mundial do ano que vem neste país.

A Estrutura
Apesar de toda a polêmica em relação à viabilidade de se fazer uma prova na Malásia ser em torno do clima do local, resolvi começar pela estrutura montada, já que foi o que mais chamou a atenção à primeira vista. A impressão é que eles fizeram tudo o que é necessário para convencer o mundo a torná-los sede do mundial 2008. Toda a estrutura foi montada para que a vida de cavaleiros e grooms fosse facilitada, de modo que eles só se preocupassem em correr.
O hotel dos cavaleiros ficava a aproximadamente 2kms das cocheiras e o dos grooms um pouco mais distante. A organização procurou carros para que todos alugassem (o que não parecia fácil nos arredores da prova) e subsidiou seu aluguel (para o mundial acredito que carros tenham que ser levados até Kuala Terengannu, já que haverá muito mais necessidade). Para identificar os carros autorizados a ir às áreas de pit todos foram adesivados.
A área do vet-check foi inspirada na vila de Dubai (para quem foi é como a do Bahrain): a chegada e a largada se dão numa reta longa e larga. No final desta há guichês nos quais se marca a chegada do cavaleiro. A partir daí encontra-se uma área de resfriamento bastante extensa com aproximadamente 20 tinas bem grandes e cobertas com tendas no final. Entre as tinas e os guichês de entrada do vet era proibido molhar os cavalos e, então havia o vet-gate. Neste havia tendas para os veterinários e as linhas eram largas, seguras, bem marcadas e com piso adequado (uma mistura de grama e areia). A área de descanso de cavalos e cavaleiros ficava ao redor da área de resfriamento e tinha duas tendas por equipe, com duas tinas. Em cima destas tinas e das tinas da área de resfriamento havia ventiladores com "springers" de água (que falharam e deixaram de espirrar água no meio da prova). No vet ficava um caminhão de gelo aberto a todos, que podiam entrar e pegar quanto gelo quisessem.
As cocheiras também eram exemplares. Grandes, bem arejadas e bem iluminadas, contavam com ventiladores e bastante espaço. Ao redor de cada grupo de cocheiras (um por continente) ficavam 4 pastos para que os cavalos pudessem ficar soltos. Os pit-stops eram de fácil acesso, bem marcados (tinham placas nas estradas para que os carros encontrassem os pits) e próximos ao vet. Quanto ao deslocamento o único problema eram as estradas, muito estreitas, que podem causar acidentes numa prova com mais conjuntos, ainda mais num país onde se dirige na mão inglesa. Cada pit contava com uma caixa d'água, postes de iluminação e uma caixa de gelo (que não foi, nem de perto, suficiente).

A Prova
A largada foi as 4:30 da tarde devido ao clima da Malásia. Pelo que falei com os cavaleiros a trilha era plana e com piso bom (com exceção de áreas alagadas). A marcação era feita com bandeirinhas, placas, pequenos lampiões e luzes (parecidas com aquelas que se coloca nas bicicletas). Segundo os cavaleiros, isto não foi suficiente, inclusive porque a forte chuva começou a apagar os lampiões.
O clima, que foi amplamente discutido antes da prova, não foi tão difícil como se esperava. Choveu praticamente a prova inteira, de modo até a causar frio em alguns momentos. O que pode parecer sorte que não se repetirá no mundial na verdade não é, já que as chuvas são muito comuns na região. O que pode ser mais difícil em 2008 é o final da prova, depois do amanhecer, que neste ano não fez calor, diferentemente de outros dias nos quais estivemos lá.
Havia bastante crew-points (ou pit-stops), por volta de 4 por anel. Em alguns anéis era difícil chegar a tempo em todos pits com apenas um carro por cavalo. Havia também outros water-points (pontos com água para o cavalo, nos quais não é permitido o apoio).
No final, a velocidade de prova - misto de estratégia e condições de cada anel - foi média no começo, baixa no meio e muito rápida no final, um pouco diferente do que vemos em provas européias (devagar no começo, médio no meio e muito rápido no final). A porcentagem do cavaleiros estrangeiros classificados superou bastante o mínimo estabelecido e o local do mundial 2008 foi confirmado como sendo a Malásia.

Detalhes que fazem a diferença
Jack Begaud, FRA, usava uma lanterna muito mais forte que a dos outros cavaleiros. Observando de perto, via-se que sua bateria ficava na cintura do cavaleiro e se conectava à lanterna através de um fio.
É importante ter uma troca de roupa para cada anel. Como choveu a prova inteira, largar seco em todo anel pode ajudar bastante.
É muito importante levar lanternas reservas. Apesar da provável melhora da marcação para o ano que vem, é muito difícil fazer um anel sem lanterna.

Aqueles que desejarem ver as 49 fotos tiradas na viagem podem acessar o álbum: http://picasaweb.google.com/anvidiz/Malasia?authkey=AGQWWlEWWcA

12 de novembro de 2007

Mundial será na Malásia!

Boa tarde.

Após o try out realizado no dia 10/11, foi oficializado que o Campeonato do Mundo de Enduro Equestre 2008 será realizado na Malásia, em Kuala Terengganu.

Para poder sediar o Mundial 2008, 40% dos cavaleiros internacionais deveriam completar o try out e, para surpresa de muitos, o resultado foi de 67% de classificação, entre os estrangeiros.

O Brasil, que foi representado por três conjuntos convidados (Leo Steinbruch, Maria Vitória Liberal Lins e Mariana Cesarino, que montaram respectivamente EHK Cristal, Filoteu Rach e Kaoma KT), teve duas desclassificações e uma belíssima colocação:
4° lugar do conjunto Maria Vitória Liberal Lins / Filoteu Rach, que cruzou a linha a 5 minutos e 40 segundos do Campeão do Ranking FEI 2007 e 2° lugar na prova - Jack Bégaud!

A velocidade do primeiro colocado, Naser Marzouqi que montou Hafiza Du Mas, fora de 14,86km/h, o que foi grande motivo de comemoração, pois tirou o preconceito (inclusive o meu) em relação às dificuldades climáticas do local.

Parabéns a toda a equipe que nos representou e em especial à Vitória pela maravilhosa colocação.

Agora é Malásia em 2008!

Abraços a todos.

Para visualizar os resultados clique aqui: