14 de fevereiro de 2009

Um aspecto negligenciado

Quando a comissão veterinária da CBH criou regras para a classificação (e desclassificação) de cavalos e cavaleiros, pensei que tivessem resolvendo um problema que não existia (especialmente no Brasil). Recentemente, depois da publicação pela FEI, percebi que o impacto do regulamento – que com a força da FEI provavelmente terá que ser, de algum modo, seguido – é muito mais profundo. A FEI não está apenas resolvendo um problema que não existe, ela está criando um problema em potencial.

Ao estabelecer de modo objetivo o que um cavalo pode e não pode fazer – independente da sensatez ou inteligência das regras – a FEI tira a responsabilidade de cavaleiros, treinadores e veterinários. Se antes estes tinham de se preocupar em estar fazendo a coisa certa, agora podem fechar os olhos e seguir o caminho sugerido pelo órgão máximo do esporte. Se antes todos se perguntavam “Quem é o irresponsável que fez isto?” ao se depararem com algo maléfico para o animal, a pergunta agora será “Este cavalo estava classificado pelas novas regras?”

Por mais que pareça natural, e até mesmo óbvio, questionar um planejamento de carreira feito por alguém que nunca viu seu cavalo, não sabe como você monta, no que você acredita e – agora o maior absurdo das novas regras – provavelmente não faz idéia de como uma prova no Brasil é diferente de uma européia ou árabe, será difícil desafiar o padrão estabelecido e fazer uma 3ª prova de 60kms ao invés de uma de 80kms (ou uma de 38kms que “não serve mais pra nada” ao invés de uma de 58kms).

É claro que a FEI acredita que impor limites aos cavaleiros não pode aumentar o risco a que estes submetem seus cavalos, no entanto nenhum legislador pode se esquivar dos efeitos colaterais e adaptações que surgem a suas normas.