19 de setembro de 2010

Mais duas notas sobre Florac



Prova itinerante
Os 160kms de Florac são corridos em 6 anéis, sendo que cada um deles começa em um lugar e termina em outro. Assim, cada um dos 6 vet-checks se realiza em um local diferente. Todos  apresentam condições muito boas, muito perto das ideais: as linhas de trote eram boas, havia espaço para o apoio nos 6 vet-checks, nunca faltou água, podíamos comprar comida e bebida em todos, etc (apenas os veterinários devem ter se queixado de que não havia cobertura para eles em todos os anéis). Há momentos na prova nos quais 3 vet-checks estão funcionando ao mesmo tempo.

Contra o relógio
Para que isso seja possível, adota-se uma regra pouco comum: todos os vet-checks tem horário de fechamento (momento no qual a média cairia para baixo de 12kms/h). É algo diferente e que não estamos acostumados, que vai contra um pouco ao “terminar é vencer”, mas uma prova no nível de Florac pode se dar ao luxo de estabelecer um nível mínimo para que se termine a prova.

16 de setembro de 2010

Notas sobre Florac

150
150 conjuntos franceses gostariam de fazer a prova de Florac (categoria única, 160kms na morraria), que com os 80 estrangeiros somariam 230 participantes. Como não havia estrutura para tanto, 50 franceses tiveram suas inscrições rejeitadas.
Como eles conseguem 150 cavalos para fazer a prova mais difícil do ano eu não sei, mas é muito impressionante.

Estatística inútil
O ponto mais difícil da prova é o topo do monte Aigoual. Enquanto esperávamos a passagem dos cavalos lá em cima, diversos franceses falavam a mesma coisa: nunca ganhou a prova o cavalo que passou em 1º lugar ali.
Isso não quer dizer muita coisa, afinal numa prova com 180 conjuntos, provavelmente aquele que ganhará (não importa quem seja) só estará a frente dos outros 179 em uma parte muito curta da trilha. Esse ano, o cavalo que passou em 1º era de um italiano (que provavelmente não sabia, ou não acreditava na estatística) e terminou em 4º lugar.

Rir pra não chorar
Este cavaleiro que ficou em 4º lugar chegou junto com outros 3 alguns minutos atrás da campeã da prova, mas decidiu deixá-los disputar e chegar ao passo (Pierre Fleury, aquele que morou no Brasil 6 meses, terminou sendo eliminado, por isso o italiano passou de 5º para 4º). No entanto, ao aproximar-se da linha e ver uma multidão ao redor, o cavalo se recusou a andar pra frente. Nos primeiros metros o cavaleiro desceu, puxou o cavalo e remontou, mas mesmo assim ele não ia. Tendo que cruzar a linha montado, o cavaleiro ficou sem ter o que fazer, até que um juiz foi até lá e puxou o cavalo dois passos, para que o conjunto completasse a prova.
O 5º e 6º colocados reclamaram, dizendo que podiam ter alcançado o italiano e outros membros do júri não gostaram da atitude do juiz que o ajudou. No entanto, acredito que ele agiu corretamente, vendo que o cavalo não estava exausto e sim amedrontado, simplesmente ajudou a acabar com uma situação que ficava cada vez mais ridícula.

Montanhas preservam cavalos?
Pode ser contra-intuitivo, mas me parece que provas montanhosas evitam desastres metabólicos. Não vi nenhum cavalo chegar exausto, como foi comum em Compiégne, prova plana e de galope o tempo todo. Talvez, ao encarar um morro o cavalo só prossiga numa velocidade alta se estiver bem, enquanto no plano o cavaleiro consiga fazê-lo galopar mesmo que este já se encontre cansado. Não sei, é só uma teoria.

Abaixo-Assinado!
No dia anterior à prova, rodava um abaixo-assinado contra a atuação de Ian Williams em Compiègne. De fato, na última prova, este representante da FEI - que já não é visto como simpático pelos cavaleiros - passou dos limites.

See you in Kentucky!
Grande parte da equipe da França estava montando, inclusive Jean Philippe Frances e Virginie Atger. Sarah Chakil, ganhadora da prova, também faz parte do time que representará a França no Kentucky. Outra que estava presente foi a americana Valerie Kanavy, campeã do mundo em 1994 e 1998, que provavelmente montará pelos EUA em Lexington.