30 de agosto de 2010

Crescente ou estável?

Philippe Tomas ganhou a prova com uma estratégia "invertida"
Um dos assuntos mais discutidos neste blog é a estratégia de prova. Depois do campeonato mundial de young riders de Campo de Mayo escrevi um texto especulando possíveis causas de se encontrar uma estratégia dominante em cada país; em outro texto, depois do campeonato mundial da Malásia, apontei para o fato da nova campeã do mundo não ter corrido de forma crescente e me questionei se esta estratégia ainda era a mais adequada para a maioria das trilhas do esporte, cada vez mais planas.

Agora, em dois finais de semana vi mais indícios de que, pelo menos nas provas de 120kms, a famosa “estratégia crescente” pode estar com os dias contados. No primeiro, em Compiègne, pude acompanhar duas provas de 130kms. Na sexta-feira, os dois primeiros conjuntos correram de forma crescente e, apesar de se saírem vitoriosos, deram vexame e criaram uma situação constrangedora para todos: o cavalo 2º colocado chegou tão cansado que era incapaz de trotar, fazendo o último kilometro todo ao passo e demorando 29 minutos para entrar no vet-check final, já o vencedor por muito pouco não caiu de fadiga assim que cruzou a linha. No domingo, os três árabes que fizeram a prova de maneira crescente foram eliminados, sendo dois por metabólico. Philippe Tomas, com uma estratégia “estável”, ganhou a prova e deu show na chegada.


No segundo final de semana, mais duas provas de 120kms. Em Avaré, Toninho e Ana Ilkiu fizeram provas muito parecidas e sagraram-se campeões brasileiros, Adulto e Young Rider. Provavelmente numa competição com mais conjuntos eles teriam sido obrigados a andar mais no último anel, mas talvez, assim como para Philippe Tomas, manter o ritmo bastasse. Outra infeliz curiosidade é a de que Rafaela Barreto também cruzou a linha em 1º lugar com uma estratégia crescente e foi eliminada.


Com certeza 4 provas não são nem de perto suficientes para estabelecer o fim do domínio de uma estratégia, ainda mais se considerarmos que em 3 delas os cavalos que chegaram primeiro correram desta maneira. No entanto, nos faz questionar a certeza anterior de que esta estratégia era sempre a melhor e, principalmente, a mais segura. Pode ser só coincidência, pode ser reflexo de trilhas mais planas ou pode ser a constatação dos cavaleiros de que o único meio de aumentar a velocidade é fazer os primeiros anéis mais rápidos do que se fazia. Enquanto não temos nenhuma certeza, qualquer tentativa é válida, inclusive correr de modo crescente.

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